Fonte: Observatório do Emprego Jovem
Divulgados no novo relatório da Fundação José Neves, os dados relativos à redução do prémio salarial do ensino superior foram o foco da edição de dia 18 de junho do Jornal da Tarde da Sic Notícias. Paulo Marques, coordenador do OEJ, foi um dos convidados a comentar o assunto.
A redução de 50% para 27% desde 2011 do prémio dos trabalhadores qualificados face àqueles com o ensino secundário pode ser explicado como consequência de um conjunto de fatores não necessariamente negativos, como argumenta num artigo no Público. Um destes fatores prende-se com o facto de o número de graduados no mercado de trabalho ser muito mais elevado, conferindo-lhes um poder negocial inferior ao que tinham em períodos de escassez de trabalhadores qualificados. Além disso, muitos destes novos licenciados completam ciclos de 3 anos, menos valorizados que os ciclos de 5 anos pré-Bolonha. Simultaneamente, os aumentos recentes no salário-mínimo têm contribuído muito para o aumento dos salários dos trabalhadores menos qualificados.
Neste contexto, continua a ser positivo que os graduados aufiram em média bastante mais que os não-graduados, e que se tenham registado ganhos salariais reais para os jovens entre 2015 e 2021. É esta a posição defendida por Paulo Marques, que frisa que o foco deve estar em melhorar a correspondência entre ofertas formativas e necessidades do mercado de trabalho, nomeadamente através da valorização do ensino profissional e envolvimento dos empregadores. Ao nível do ensino superior, salienta a importância de promover áreas prováveis de serem procuradas no futuro, nomeadamente ligadas às tecnologias e às questões ambientais, que poderão conferir maior poder negocial aos trabalhadores.
O debate contou também com a participação de Rui Oliveira, presidente do Conselho Nacional da Juventude, Pedro Brinca, professor de economia na Nova SBE, e João Ferreira, licenciado em ciência política.
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