A “A bomba relógio da abstenção” uma investigação de jornalismo de dados coordenada pela Divergente foi lançada no passado dia 16 de Fevereiro. Este trabalho contou com a colaboração científica de Sebastião Ferreira de Almeida e Margarida Perestrelo, investigadores do DINÂMIA'CET-Iscte que contribuíram ao nível do suporte metodológico e da análise estatística aplicados ao território Europeu.
A DIVERGENTE, revista digital de jornalismo narrativo, acaba de publicar a primeira parte da investigação de jornalismo de dados “A bomba-relógio da abstenção”. O trabalho faz o retrato da abstenção de voto na União Europeia (UE) nos últimos 50 anos e cruza este fenómeno com diferentes indicadores demográficos e socioeconómicos nos 27 Estados-membros. Entre as conclusões que começam a ser divulgadas, estão as de que um quarto dos eleitores da UE não participam em qualquer tipo de eleição e que quase metade não vai às urnas escolher representantes para o Parlamento Europeu.
Foram recolhidos dados eleitorais e indicadores demográficos e socioeconómicos
dos Estados-membros da UE a nível nacional e local: 350.794.565 eleitores, 27
países, 84.716 freguesias, 697 actos eleitorais e 16 indicadores.
Os portugueses nunca estiveram tão distantes da política. Nas legislativas de 2019 e 2022, 5 em cada 10 não foram às urnas. As presidenciais de 2021 tiveram a mais baixa participação em eleições nacionais na história da democracia — 60,7% dos eleitores não votaram. E nas europeias de 2019 a abstenção chegou aos 69,3%.
A tendência é transversal em toda a União Europeia: nas últimas europeias, 47% dos eleitores dos 27 Estados-membros não foram às urnas e mais de 30% dos europeus não votaram para eleger o chefe de Governo.
Através de uma visualização combinada e interactiva de dados, o site do trabalho permite ao leitor seleccionar vários filtros de informação e correlacioná-los com a abstenção. Nos países com maior desigualdade vota-se menos? Ter um curso superior influencia a ida às urnas? A abstenção é menor em contextos onde os salários são mais elevados? São algumas perguntas a que este trabalho jornalístico dá resposta.
À escala europeia, já foram publicados os dados que permitem concluir que:
As europeias são as eleições em que menos se vota.
Mais de 30% dos europeus não elegeu o chefe de Governo nas últimas eleições em cada país.
Nas autárquicas, a França é o país com maior abstenção.
Nas próximas semanas, serão publicados os dados eleitorais que permitem identificar as 10 freguesias onde menos se vota em cada um dos Estados-membros da UE e o perfil demográfico e socioeconómico da sua população.
Investigação é resultado
de três anos de trabalho
“A bomba-relógio da abstenção” teve início em 2021, quando a abstenção e os populismos já tomavam conta do cenário político europeu e mundial: o partido de Marine Le Pen preparava-se para ser o segundo mais votado em França, o Brasil tinha Jair Bolsonaro como presidente da República, Donald Trump terminava o mandato de quatro anos na presidência dos Estados Unidos da América, a Hungria enfrentava o autoritarismo de Viktor Orbán há mais de uma década, e Portugal registava a mais alta taxa de abstenção numas eleições nacionais desde a Revolução de 25 de Abril de 1974 — 60,7% nas presidenciais.
Estava a crescer o rol de perguntas para as quais não havia resposta: Para que zonas perigosas da democracia estamos a caminhar? Que riscos enfrenta a democracia quando os cidadãos abdicam de decidir? Se as pessoas que não votam decidissem exercer esse direito, que escolhas fariam e que democracia teríamos? Quais os lugares onde o interesse pela política se desvanece? “A bomba-relógio da abstenção” é a consequência desta catadupa de inquietações.
DIVERGENTE coordenou investigação
que reuniu jornalistas de 16 países da UE
Esta investigação de jornalismo de dados é coordenada pela DIVERGENTE, com apoio e revisão metodológica de dois investigadores do Centro de Estudos sobre a Mudança Socioeconómica e o Território, o DINÂMIA’CET-Iscte. Está a ser desenvolvida no âmbito da European Data Journalism Network, em parceria com: Are We Europe (Bélgica), Átlátszó (Hungria), Delfi Meedia (Estónia), Dataninja (Itália), Denník N (Eslováquia), Deutsche Welle (Alemanha), El Confidencial (Espanha), EUrologus (Hungria), II Sole 24 Ore (Itália), iMEdD (Grécia), NARA (Lituânia), Osservatorio Balcani e Caucaso Transeuropa (Itália), Pod črto (Eslovénia), PressOne (Roménia), Rue89 Strasbourg (França) e Voxeurop (Bélgica).
"A bomba-relógio da abstenção"
Site em português | abstencao.divergente.pt
Site em inglês | abstencao.divergente.pt/en
Imagens aqui
Crédito imagens | Gonçalo Fialho
Crédito ilustração | Nogueira Lopes
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