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Gustavo Sugahara em conversa para o canal @oquerolanageronto

Atualizado: 24 de out.



O canal O que rola na Geronto é um dos principais canais de debate sobre o tema do envelhecimento no Brasil. Nesta entrevista Gustavo Sugahara fala sobre o projeto desenvolvido sobre #cidades e comunidades amigas do #envelhecimento em Cascais. Destaca que o combate ao #idadismo foi uma preocupação constante no projeto, uma vez que o processo de co-construção, que envolve a participação ativa de diferentes atores, não estaria imune à reprodução de preconceitos e estereótipos enraizados na sociedade. Mais do que um mero “desconforto”, o idadismo tem consequências bastante negativas e palpáveis, tanto ao nível individual, quanto coletivo.

 

Destaca ainda que, em geral, predomina ainda nas sociedades contemporâneas uma perspectiva limitada do envelhecimento, ora focada nas questões dos cuidados de saúde, ora num “envelhecimento ativo muito estrito”, particularmente focada na promoção de uma velhice produtivista, sem limitações físicas e excessivamente focado no  trabalho remunerado. Numa sociedade em que só quem está no mercado de trabalho é “ativo”, em que os “cuidados” são vistos como sinónimo de incapacidade e doença, as pessoas mais velhas tornam-se uma população mais vulnerável à discriminação, estereótipos negativos e falta de apoios. Transformar percepções discriminatórias sobre o envelhecimento e a velhice, e sobre a própria dependência, é fundamental para o desenvolvimento de cidades inclusivas e acessíveis a todas as pessoas, contribuindo para o bem-estar geral. O futuro dos cuidados, seja para quem for que deles necessite, deverá passar necessáriamente por uma redefinição profunda do que é a dependência.

 

Neste sentido, as questões do idadismo e dos cuidados foram identificadas como os principais potenciais vetores desta mudança, sendo ainda fundamental reconhecer que para o resgate do envelhecimento ativo será preciso adotar uma perspetiva de política mais abrangente, que inclua o combate às desigualdades ao longo do ciclo de vida. A transformação das cidades em lugares onde o direito ao cuidado se estabelece como um eixo central implica o reconhecimento de que cada pessoa é um ser interdependente, vulnerável, e um agente ativo na produção e reprodução da vida quotidiana e da cidade. Ao afastarmo-nos da noção individualista da dependência, abrimos a possibilidade de romper com o estereótipo que associa velhice a noções de incapacidade e dependência, ou como um setor da sociedade que precisa apenas de respostas próprias e segregadas, o que isola e exclui as pessoas da vida pública. Na perspetiva estruturante do envelhecimento ativo almejada, as políticas de envelhecimento devem ainda contribuir em todas as áreas de atuação – da tecnologia ao planeamento urbano, da cultura à educação, etc.

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