14 de março
09.30 @Auditório C1.03 - Iscte - Instituto Universitário de Lisboa
Museu Nacional Machado de Castro
Conferência de Gonçalo Byrne
Em 1999 Gonçalo Byrne venceu o concurso para remodelar e ampliar o Museu Nacional de Machado de Castro, desde 1913 instalado no antigo Paço Episcopal de Coimbra – um edifício fundamentalmente maneirista com vestígios de cerca de dois mil anos de história, que vão desde o notável criptopórtico do período romano imperial tardio a um edifício construído pela Direcção dos Monumentos Nacionais nos anos 1950, passando por uma catedral românica e o seu claustro construídos no século XII, bem como por um pátio com uma loggia maneirista desenhada por Filipe Terzio no século XVI. Gonçalo Byrne terá afirmado certa vez: «não conheço muitas outras obras, muitas outras intervenções, que tenham tido como matéria de trabalho mais de dois mil anos. E o que é o Museu Machado Castro? É tudo menos um edifício unitário – é um edifício feito de colagens de fragmentos». Byrne terá privilegiado precisamente a segmentação decorrente dos diferentes momentos arquitectónicos do monumento, deles procurando extrair os dados que lhe permitiriam prosseguir a acção do tempo, ao mesmo tempo que restaurando a continuidade da experiência. Através de um refinado sentido histórico, mas também de abstracção, Byrne fez uso de uma visão sincrónica dos vários estratos presentes na obra, vinculando o passado ao presente, estabelecendo entre eles contactos, sobreposições. O projecto constituiu assim uma espécie de condensador das estratificações das contemporaneidades sucessivas da cidade de Coimbra, convertendo-as no cenário de uma verdadeira promenade architecturale museológica.
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