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Centre for Socioeconomic and Territorial Studies

ciclo de conferências Século XIX Revisitado III

  • Feb 10, 2023
  • 7 min read

Updated: Mar 2, 2023


Ciclo de Conferências

Século XIX Revisitado III

11:00 | Auditório 4 Ed. Sedas Nunes - Iscte

Entrada livre


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Sobre


O século XIX é muitas vezes entendido do ponto de vista da História da Arquitectura como uma espécie de “catapulta” para o século XX, ou, noutro sentido, como um hiato entre o Iluminismo e o Modernismo. No entanto, neste século de rápidas transformações e numa Europa palco de uma verdadeira revolução industrial, política, cultural e social, foram feitas algumas das experiências arquitectónicas e urbanísticas mais relevantes de sempre, protagonizadas pelos que então procuravam responder a uma sociedade em ebulição. Estações ferroviárias, óperas, museus e prisões são apenas alguns dos novos programas a que havia que dar resposta, ao mesmo tempo que se procurava criar um novo modelo de cidade. Século XIX Revisitado III consiste num conjunto de cinco conferências que procura abarcar a complexidade deste período, reunindo investigadores tão notáveis como Inês Lobo, Hélia Silva, Tiago Borges Lourenço, Domingos Tavares, Júlia Varela e Andreia Garcia. Centrando a discussão em cinco temas principais – de Lisboa a Braga; de uma avenida a um teatro-circo – procura-se analisar os modelos propostos, não apenas do ponto de vista histórico, como também a partir de um olhar contemporâneo, aferindo a sua eventual actualidade e vigência. Marta Sequeira – que apresentará cada uma das sessões e moderará o debate final com o público – é a curadora deste ciclo, organizado no âmbito do Departamento de Arquitectura e Urbanismo e do DINÂMIA’CET do Iscte-Instituto Universitário de Lisboa.



Próximas sessões

Sessão 2

27.02, 11:00

Hélia Silva e Tiago Borges Lourenço

Da cidade sacra à cidade laica. O impacto da extinção das ordens religiosas na Lisboa oitocentista

Sinópse

O Decreto de 30 de maio de 1834, que extinguiu todos os Conventos, Mosteiros, Collegios, Hospicios, e quaes quer Casas de Religiosos de todas as ordens Regulares, abriu caminho a um processo que vendeu, dispersou e mandou derreter de forma sistemática os bens da maioria das 70 casas religiosas então existentes em Lisboa. Aos seus edifícios foram dados novos usos, passando a acolher hospitais, escolas, tribunais ou quartéis. Por seu turno, os terrenos das cercas formaram um enorme ativo que permitiu ao Governo e à Câmara Municipal de Lisboa delinear uma política de planeamento urbano em larga escala. Um número significativo destas cercas foi absorvido no tecido urbano da cidade, num processo de transformação que ocorreu de forma gradual e se prolongou até meados do século XX. E ainda que, num olhar mais atento, seja possível encontrar na morfologia da cidade parte dos seus antigos limites, a sua memória foi-se perdendo no tempo.

Breve biografia dos conferencistas

Hélia Silva é Licenciada em arquitetura pela Universidade Lusíada no ramo de recuperação (1991). Mestre em Arte, Património e Restauro pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (2005) é atualmente Doutoranda em História da Arte na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa. Técnica da Câmara Municipal de Lisboa desde 1992, tem desenvolvido o seu percurso profissional nas áreas da reabilitação urbana, do planeamento urbano e na proteção do património edificado. Investigadora do projeto FCT – PTDC/CPC-HAT/4703/2012: LxConventos - “Da cidade sacra à cidade laica: a extinção das ordens religiosas e as dinâmicas de transformação urbana na Lisboa do século XIX” entre 2013 e 2015.


Tiago Borges Lourenço é Doutorando em História da Arte (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa). Investigador do Instituto de História da Arte (FCSH-UNL) com atividade e produção científica maioritariamente desenvolvida nas áreas da azulejaria e da história, arquitetura e urbanismo de Lisboa dos séculos XIX e princípios de XX. Fez parte das equipas dos projetos Gabinetes Coloniais de Urbanização e LxConventos e é atualmente investigador e coordenador do projeto Olisipógrafos. Os Cronistas de Lisboa (IHA-FCSH/UNL e CML).

Sessão 3

01.03, 11:00

Domingos Tavares

A fábrica dos galões de ouro - entre o clássico e o romântico na arquitectura portuense do século XIX

Sinopse

«O Palácio dos Carrancas, na Rua dos Quarteis, constituiu o sinal da transição do neopalladiano de referência inglesa que a arquitectura do «Port Wine» deixou no Porto (Hospital de Santo António e Feitoria Inglesa), para um classicismo tardio que abriu o ciclo da arquitectura portuense no século XIX. Mas não deixou de recorrer a modelos da corrente mais internacional desenvolvida pelos arquitectos da reconstrução de Lisboa, como foi o caso do Tribunal e Cadeia da Relação do Porto, projectado por Eugénio dos Santos e executado posteriormente por um dos engenheiros militares ao serviço das autoridades portuenses. Seria esta obra pensada por um arquitecto oficial a partir do sul para se adaptar à imagem dura da cidade do granito? O Palácio dos Carrancas, uma fábrica de galões de ouro, retém a representação da nova burguesia ligada às benesses do poder real numa casa-palácio em rua nova, complementada por organização espacial interna entre o escadório barroco e a funcionalidade dos pavilhões de fábrica de manufacturas têxteis. Com a implantação do liberalismo a Associação Comercial constituiu o seu próprio monumento neoclássico, o Palácio da Bolsa, nos claustros do Convento gótico de São Francisco. Adaptação oportunista de linguagem de transição, nem inglesa, nem moderna. A arquitectura neoclássica no Porto ainda teve outra infelicidade com o projecto francês na Alfândega Nova e, como compensação feliz, um bom exemplo de obra dinâmica e impressiva da autoria de outra personalidade francesa em Portugal, a Estação de Campanhã que recebeu o encontro dos Caminhos de Ferro. Foi nesse contexto de renovação e desenvolvimento que acompanhou a chegada do comboio, que coube a Tomás Soller, um arquitecto da empresa dos Caminhos de Ferro, realizar o Pátio das Nações no interior da Bolsa, consolidando o ciclo da arquitectura do ferro no Porto. Seria outra vez, entre a influência inglesa e francesa, a via por onde entrou a corrente ecléctica, uma marca nova, imagem poética e transparente na urbanidade da cidade dinâmica que encerrou o ciclo de arquitectura do século XIX no Porto.»

Breve biografia do conferencista

Arquitecto, professor jubilado da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, investigador do Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo, Grupo Atlas da Casa. Enquanto professor de História da Arquitectura Moderna, publicou 23 monografias de autores do Ciclo Clássico Europeu, desde o Renascimento ao Neoclassicismo pré-industrial. Nos domínios da história urbana e Antropologia Cultural, publicou “Casas na Duna – O Chalé do Matos eos palheiros do Furadouro” (DAFNE/FAUP, 2018). Trabalha também sobre temas de arquitecturas de transição, com especial relevância para a história urbana da cidade do Porto e os mecanismos da relação do projecto arquitectónico com a formação urbana. do século XIX para o sécuo XX, bem como sobre as relações entre a arquitectura erudita e popular. Publicou, sobre o tema Casas de Torna-Viagem, “Francisco Farinhas, realismo moderno” (DAFNE, 2007), “Casas de Brasileiro – erudito e popular na arquitectura dos torna-viagem” (DAFNE/FAUP, 2015) e “Transformações na Arquitectura Portuense, o caso de António da Silva” (DAFNE/FAUP, 2017). É autor de diversos trabalhos de arquitectura, sendo a sua obra apresentada em várias exposições e publicações especializadas.

Sessão 4

13.03, 11:00

Júlia Varela

Administrar à distância: a Baixa de Lisboa em Oitocentos

Sinopse

No final do século XIX e início do século XX, a Baixa de Lisboa é um fervilhante centro de económico e administrativo a partir do qual são tomadas decisões e geridos negócios, a partir de redes de interesses tecidas inloco, mas com incidência à escala metropolitana e também ultramarina. Seguindo o rasto de um conjunto de homens de negócio com propriedades nas então colónias portuguesas em África, procura-se traçar um retrato deste pedaço de cidade no alvor de um novo século, identificando as dinâmicas que determinam esta centralidade e os seus antecedentes, à escala do território e à escala da cidade, e indagando acerca do modo como cidade e arquitectura lhes foram servindo de suporte e dando resposta.

Breve biografia da conferencista

Docente no Departamento de Arquitectura da Universidade Autónoma de Lisboa e investigadora do Centro de História da Arte e Investigação Artística da Universidade de Évora (CAHIA-UÉ) e do

Centro de Estudos de Arquitectura Cidade e Território da Universidade Autónoma de Lisboa

(CEACT-UAL). Arquitecta pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP),

é actualmente doutoranda em História da Arte na Universidade de Évora, e tem em curso trabalho de investigação acerca da arquitectura doméstica em Portugal do final do século XIX e início de XX no âmbito da realização de tese de doutoramento intitulada “Arquitectura, sociedade e encomenda: as casas dos roceiros de S. Tomé e Príncipe na metrópole e o apogeu do ciclo do cacau (1880-1922)”, financiado com bolsa de doutoramento atribuída pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. As áreas de investigação actuais são a História da Arquitectura e da Cidade contemporâneas, com especial enfoque no período do virar dos séculos XIX-XX.

Sessão 5 20.03, 11:00 Andreia Garcia O Theatro e a Memória

Sinopse

«A viagem do Theatro Circo começou há mais de cem anos, quando outros já o sonhavam. Com ele, as viagens multiplicaram-se. Sobre ele, dilataram-se esse e outros sonhos entre a ficção e o real. As suas suaves paragens serviram para desvendar a clarividência de um percurso, provocando-o, continuando-o […] Suspensa entre estes dois mundos do antes e do agora, esta história explorou-se num mundo de outros mundos. Uma porta de entrada de escritos, de livros, de esculturas, de pinturas, de fotografias, de cartazes, de desenhos, de vozes. Nada acontece em câmara escura, tudo é trazido à luz do teatro. Ainda que cruzando imagens, revelando histórias esquecidas, dando a conhecer um lugar que não é novo, mas sobre um olhar renovado, que não deixa ser, afinal, a devolução de si mesmo ao seu lugar [...]»

Retirado do prefácio de O teatro e a Memória de Andreia Garcia

Breve biografia da conferencista

Andreia Garcia é arquiteta, curadora, editora, investigadora e professora universitária. O seu percurso tem-se definido por uma prática de arquitetura que amplia o cruzamento disciplinar com áreas complementares. Os seus interesses focam-se na prática contemporânea da arquitetura numa era marcada por fortes avanços tecnológicos e uma progressiva crise ecológica. É fundadora do atelier Architectural Affairs, fundadora e diretora da Bienal de Conhecimento Art(e)facts, e co-fundadora da Galeria de Arquitetura, espaço independente de reflexão e debate sobre Arquitetura, Cidade e Território. Foi programadora na Capital Europeia da Cultura Guimarães 2012 e curadora do centenário do Theatro Circo de Braga. Foi Professora Auxiliar Convidada na Escola de Arquitetura da Universidade do Minho e studio tutor na Architectural Association, em Londres. É Professora Auxiliar e Vice-presidente da Faculdade de Engenharia da Universidade da Beira Interior. É curadora da Representação Oficial Portuguesa na 18ª Exposição Internacional de Arquitectura La Biennale di Venezia 2023 — Fertile Futures.


 
 
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