A casa do jardim.
João Soares
10 Março,
16:00 – 17:30
Auditório Afonso Barros (Ala Autónoma)
Entrada livre
ISCTE-IUL,
Av. das Forças Armadas, Lisboa
Resumo:
Frente a um pequeno jardim oitocentista, baptizado com o nome do poeta Augusto Gil. A casa, de esquina flanqueia o grande corpo verde-azul, vidrado, da Vila Sousa.
Na sua posição acontece uma espécie de pequena magia de luz, que é o sol entrar dentro da casa por cada um dos quatro lados. Do lado Sudeste, entra o sol de manhã, e regressa a sua luz ao final da tarde, azulada e esverdeada, reflectindo a larga massa vidrada dos azulejos.
Do jardim em frente, na altura da primavera, numa semana, explodem em folha e flôr, até carregarem de diferentes verdes opacos uma espécie de copa contínua que faz desaparecer a pequena estátua, o disco glauco do lago e a fachada da igreja, que já só se adivinha por entre exuberante massa verde das folhas das árvores.
A casa não é grande, mas as suas oito divisões, e onze janelas conseguem torná-la maior, por se abrir para fora, e por se abrir para vistas diferentes, parecendo um lugar feito de muitos. Às janelas para fora juntam-se janelas “para dentro”, e assim, no interior são envidraçados duas portas e uma pequena janela. Pode-se assim olhar através das janelas, para as janelas que olham para fora.
Entre o novo fazer, para o novo habitar, e a cura do que se quis guardar, concretizou-se uma expressão de espaços para uma vida ali a começar.
Nota curricular:
João Soares, Arquiteto pela FAUP e Doutorado pelo IUAV_Veneza, é professor Associado na Universidade de Évora (onde leciona desde 2004). Director do Doutoramento em Arquitetura e Coordenador da Linha de Investigação de Arquitectura do CHAIA (Centro de História da Arte e Investigação Artística). Tem desenvolvido trabalho de investigação científica e de comissariado de exposições de arquitectura – com Maddalena d'Alfonso e André Tavares realizou a exposição “Disegnare nelle Città”, com Álvaro Siza e o fotógrafo Gabriele Basilico (exibida em S.Paulo, Milão, Nápoles e Porto). Coordenador Científico da 1ª e 2ª edições do seminário internacional «Tempo na Arquitetura» UÉvora. Traduziu e prefaciou a versão portuguesa do livro “Contra a Arquitetura”, do ensaísta e antropólogo italiano Franco la Cecla. Para além do trabalho académico tem procurado articular – através de uma pequena produção arquitectónica – uma reflexão activa a partir da prática de execução de projectos.
5º Ciclo de Conferências LISBOA XXI - Minha Querida Lisboa
Coordenação Cientifica: Paula André
Organização: DINÂMIA’CET-IUL
O complexo processo do contemporâneo território urbano é o espelho das dinâmicas, das convergências, das contradições e dos discursos do mundo simultaneamente globalizado e localizado. A realidade urbana actual tem sido tema de investigação e reflexão em monografias e ensaios, plataformas e laboratórios, exposições e seminários, que a partir de uma caracterização do presente ambiente construído e trabalhando numa convergência dos saberes (arquitectura, urbanismo, geografia, economia, história, antropologia, filosofia, sociologia, arte, design…), procuram debater visões prospectivas das quais resulta um vasto reportório conceptual que constrói a história urbana.
A partir desta perspectiva transdisciplinar o 5º Ciclo de Conferências LISBOA XXI sob o título Minha Querida Lisboa, inserido na unidade curricular “Lisboa: rupturas e continuidades”, leccionada e coordenada pela Professora Paula André no Mestrado Integrado em Arquitectura da Escola de Tecnologias e Arquitectura do ISCTE-IUL, tem como principal objectivo desenvolver uma abordagem contemporânea de um caso concreto de cidade – Lisboa.
No sentido de laboratório de reflexão critica e de debate multidimensional, revela-se a cidade de Lisboa como âncora de uma cultura metropolitana nas suas dimensões Agostinianas de urbs e civitas, actualizadas nos domínios físicos, conceptuais, políticos e de governança da cidade.
Pretende-se analisar criticamente a arquitectura e o urbanismo da cidade como processo cultural, inscrito na problemática das memórias e das identidades. No sentido de promover uma abordagem transdisciplinar e holística em longue durée da cultura urbana através do caso de Lisboa, no contexto das suas raízes históricas, foram convidados especialistas das áreas do Urbanismo, da Arquitectura, da Engenharia, e da História da Arte.
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