A quarta edição da conferência internacional “Architectures of the Soul” decorreu, entre dia 19 e 21 de Outubro, tendo como cenário o Mosteiro da Batalha, reconhecido como Património Mundial da UNESCO em 1983, há exatamente 40 anos.

O tópico “Understanding the past, shaping the future” congregou cerca de 60 investigadores internacionais que debateram as várias facetas do património religioso.

No âmbito do primeiro tópico “História e património das experiencias religiosas”, destacam-se as intervenções de três oradores convidados: o Bispo Carlos Azevedo revelou dados importantes relativos à redução de entradas na vida consagrada, e nos acompanhou num excurso do património das ordens religiosas, relembrando a importância da sua valorização; Caroline Bruzelius, histórica da Arquitetura da Universidade Duke, propõe uma análise das experiências franciscanas através do conceito de “restless soul”; o historiador Eduardo Carrero Santamaria, da Universitat Autónoma de Barcelona, propõe um percurso na tradição monástica ocidental com foco na utilização e nos utilizadores dos espaços arquitetónicos.

O segundo dia gravitou entorno do tópico “Futuro do património religioso”. Os arquitetos portugueses Victor Mestre e Sofia Aleixo apresentaram a requalificação de um convento através de uma abordagem vagarosa, pausada, repensada com uma equipa multidisciplinar e mediada através da memória cultural; Henrik Lindblad da Universidade de Uppsala, elegendo o património religioso sueco como caso de estudo, debruçou sobre a secularização deste país e o impacto na (sub)utilização dos espaços eclesiásticos; Livio de Luca, do CNRS de Marselha, apresenta os resultados preliminares da sua Advanced ERC, com uma importante enfase nas ferramentas digitais para a definição de um espaço digital colaborativo, no âmbito da recuperação da catedral de Notre-Dame de Paris.

Finalmente, no dia 21, uma mesa redonda juntou arquitetos, arqueólogos e gestores de espaços monástico-conventuais, na partilha de modelos de gestão e de valorização dos grandes patrimónios UNESCO, mas também realidade locais e de escala reduzida, sob a moderação do Professor António Camões Gouveia.

Foram também apresentados os resultados finais do projeto F-Atlas bem como a inauguração de uma exposição estará patente nos claustros do Mosteiro da Batalha até ao dia 20 de Novembro.

A conferência constituiu-se como uma importante plataforma interdisciplinar e internacional entorno do tema do património religioso, abordado de uma forma integrada vários tópicos que se tornarão certamente urgentes nos próximos anos, no âmbito da contínua transição secular que será certamente debatida na quinta edição prevista para 2025.